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Jul 08, 2023

'Oppenheimer' é diferente de qualquer outro filme biográfico

‘Oppenheimer’ se destaca por sua abordagem única de narrativas múltiplas e efeitos visuais brilhantes. Por Eli Engler - 23 de agosto de 2023 “Oppenheimer”, o mais novo filme do aclamado diretor Christopher Nolan

‘Oppenheimer’ se destaca por sua abordagem única de narrativas múltiplas e efeitos visuais brilhantes.

Por Eli Engler - 23 de agosto de 2023

“Oppenheimer”, o mais novo filme do aclamado diretor Christopher Nolan, estreou nos cinemas em 21 de julho de 2023.

“Oppenheimer” é sobre a vida do físico teórico J. Robert Oppenheimer, mais conhecido por seu trabalho no Projeto Manhattan durante a Segunda Guerra Mundial, que levou à criação da bomba atômica. O filme saiu no mesmo dia de “Barbie”, de Greta Gerwig, causando o fenômeno “Barbenheimer” nas redes sociais, que incentivou as pessoas a verem os dois filmes.

“Oppenheimer” foi dirigido por Nolan, conhecido por também dirigir filmes como “O Cavaleiro das Trevas” e “A Origem”. Isso marca a primeira cinebiografia e o segundo filme de Nolan ambientado durante a Segunda Guerra Mundial, depois de “Dunquerque”. O filme é estrelado por Cillian Murphy, um colaborador frequente de Nolan, como o homônimo J. Robert Oppenheimer. Emily Blunt, Robert Downey Jr., Matt Damon e Florence Pugh também aparecem com destaque no filme. O filme é baseado no livro “American Prometheus: The Triumph and Tragedy of J. Robert Oppenheimer”, uma biografia de Oppenheimer.

Embora “Oppenheimer” possa ser um filme um pouco intimidante com sua duração de três horas e distinção como drama histórico, ele consegue quebrar as barreiras do gênero biográfico e se tornar uma obra de arte magistral. Mesmo grandes cinebiografias como “O Aviador” e “Chaplin” são vítimas do fato de que esses filmes são essencialmente apenas eventos importantes da vida de uma pessoa contados cronologicamente.

“Oppenheimer” se diferencia por contar a história de Oppenheimer fora de ordem, com três linhas do tempo separadas progredindo de forma intermitente. Embora pareça complicado, o público consegue acompanhar graças ao excelente cabelo e maquiagem que fazem os atores se sentirem de idades diferentes e ao preto e branco usado na terceira linha do tempo. A edição de eventos da vida real contados fora de ordem mantém o público envolvido, pois ele deve estar constantemente prestando atenção e acompanhando a linha do tempo em que se encontra. Isso leva a uma experiência agradável, já que as três narrativas são perfeitamente montadas no final do filme.

Além da edição e da história em si, as atuações do filme são fenomenais. Murphy é ao mesmo tempo o ator principal e de destaque do filme, pois ele realmente se transforma em Oppenheimer, tanto física quanto mentalmente. Suas bochechas encovadas e penetrantes olhos azuis capturam o tormento dentro de Oppenheimer quando ele percebe para que sua criação foi usada. Da mesma forma, Downey Jr. está excelente em seu primeiro papel no cinema desde “Doolittle”, de 2019. Downey Jr. interpreta Lewis Strauss, um político da vida real cuja audiência no Gabinete Presidencial é mostrada na tela grande, paralelamente à vida de Oppenheimer.

Outro aspecto de “Oppenheimer” que funciona bem é o uso de efeitos práticos no filme. Nolan até afirmou que não há efeitos visuais gerados por computador no filme, uma mudança refrescante de ritmo em relação ao início atual dos filmes de super-heróis carregados de CGI. Até o teste da bomba nuclear Trinity foi filmado completamente com efeitos práticos, levando a uma experiência de visualização sensacional que parece mais real do que a maioria dos filmes.

“Oppenheimer” é um filme que deve ser visto na tela grande e, para o bem ou para o mal, provavelmente requer múltiplas visualizações para ser compreendido. “Oppenheimer” aborda temas complexos, como o controle que os cientistas têm sobre suas invenções e a ética das armas nucleares durante a guerra. Conseqüentemente, os espectadores podem levar duas ou mais exibições do filme para compreender completamente tudo o que o filme diz sobre Oppenheimer e seu impacto no mundo até hoje.

Uma falha do filme é que a mixagem do áudio às vezes pode ser confusa. Há vários pontos durante o filme em que é difícil dizer o que os personagens estão dizendo porque o ruído de fundo e a música são muito altos. Embora isso seja provavelmente intencional da parte de Nolan para dar ao filme uma sensação de documentário de pessoas reais conversando, isso leva a uma experiência de visualização frustrante em certos pontos, porque parece que o público pode estar perdendo linhas cruciais de diálogo. Felizmente, isso pode ser remediado assistindo ao filme com legendas, mas é uma pena que isso seja necessário para entender todo o diálogo.